Economia era essencial para viabilizar a casa de praia dos irmãos Fernando e Alexandre Freire na praia do Bonete, um lugarejo isolado de Ilhabela, SP. Por isso, eles chamaram o amigo e arquiteto Pedro Saito (então iniciante) para ajudá-los a trocar a hospedagem em pousadas por algo definitivo. Mal tinham o dinheiro para começar, motivo pelo qual planejaram uma empreitada de longo prazo. “Em três anos de obra gastamos R$ 150 mil”, conta Fernando. Surfistas amadores habituados a estadas sem luxos, eles não tiveram dificuldade em optar por uma solução de grande simplicidade.
A sustentabilidade permeou várias escolhas dos irmãos Freire, que chegaram a pintar a casa de verde numa tentativa de mimetizar a paisagem – mas o arquiteto não aprovou o resultado e a construção voltou ao branco. Nem por isso eles desistiram. Cientes de que erguer a estrutura com madeira certificada e eleger telhas de material reciclado eram gestos valiosos, mas limitados, os proprietários iniciaram um programa de reflorestamento com espécies nativas no lote. “Seguimos princípios de mínimo impacto também no que diz respeito ao esgoto, tratado num canteiro biosséptico [em que plantas favorecem a decomposição dos resíduos]. E, claro, sempre respeitamos os moradores locais”, diz Fernando, que, enquanto viveu no Bonete, promoveu melhorias na vila ao obter internet via satélite para todos. Hoje, o lugar tem wi-fi de graça até na praia.
A construção fica no nível da copa das árvores. É aberta na frente e nos fundos, assim a brisa que sopra do mar refresca o interior e afastam os borrachudos, mosquitos comuns na região. Pelo vão entre os planos do telhado, o sol ilumina a casa e afasta a umidade no inverno.
O pouco de alvenaria aparece nos bancos e nas bancadas da cozinha, feitos de blocos. Esse espaço multiúso exibe basculantes no alto das janelas de muiracatiara para dosar a ventilação. “O clima do Bonete parece com o de Florianópolis, então era preciso adotar soluções também para o inverno”, explica Pedro. A estrutura de maçaranduba certificada fica visível sob as telhas de embalagens longa vida recicladas, que oferecem bom desempenho térmico. “Algumas delas estragaram, ainda não sei a razão”, comenta. No piso, cimento queimado.
Versáteis, os quartos podem ficar abertos à sala (e abrigar muitos amigos) ou fechados, em configuração reservada. Para isso, seus armários de compensado naval sobre rodízios servem como paredes móveis. Os fechamentos internos levam OSB (chapas de lascas de madeira prensada) nas duas faces com lã mineral (isolante termoacústico) no miolo. Nos exteriores e nas áreas molhadas, as placas são cimentícias (Painel Wall, da Eternit).
As esquadrias (feitas por Pedro Terra) ganharam aletas reguláveis. São do tipo camarão e de abrir – para liberar um vão grande e ampliar a conexão com o exterior.
O terreno de 2 500 m², uma antiga roça de mandioca, beira um riacho e inclui uma mata fechada (três quintos do lote são área de preservação permanente). A casa fica na borda da parte plana e se estrutura em 16 sapatas isoladas ligadas por vigas baldrame. Cada uma delas apoia um pilar, distante 3,60 m um do outro (a modularidade simplifica a obra). Como os donos queriam hospedar muitas visitas e ter vista para o mar, o espaço é único e versátil: a cozinha se une à sala e esta à varanda e ao deck de ipê. Área: 100 m² Ano do projeto: 2007 Conclusão da obra: 2011 Projeto: Pedro Saito (com a colaboração de Claudia Inoue, Érica Kawakami, Fernando Freire e Alexandre Freire) Consultoria ambiental: Augusto Marques Construção: Fernando Freire, Alexandre Freire, mestre Japão Paisagismo: Turan Jaroslav Madeira da estrutura: Madeireira Getuba.
Via casa.com.br
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